Especialistas em saúde pública e veterinária estão emitindo um alerta urgente sobre o crescente número de casos de leishmaniose no Brasil, tanto em cães quanto em humanos. O fenômeno, que vem se intensificando nos últimos anos, preocupa pelas suas implicações tanto para a saúde animal quanto para a saúde pública em geral.
Inicialmente predominante em ambientes silvestres e rurais, a leishmaniose tem agora expandido sua presença para os centros urbanos, um fenômeno que tem deixado os especialistas em estado de alerta. A transmissão da doença, que antes era principalmente associada à picada do mosquito palha em áreas de mata, agora está encontrando novos caminhos nos espaços urbanos, colocando em risco populações inteiras.
Impacto na Saúde Animal e Pública
Segundo o pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz, o veterinário Dr. Paulo Lisboa, uma das preocupações é a falta de compreensão sobre o problema e a solução inadequada de muitas pessoas, que tendem a recorrer ao extermínio de cães como medida de controle. Lisboa enfatiza que essa não é a solução, e que medidas de prevenção e tratamento adequado são essenciais para lidar com o problema de forma eficaz.
Compreensão da Leishmaniose
A leishmaniose é causada por protozoários transmitidos pela picada do mosquito palha. Este inseto serve como intermediário, podendo levar o parasita de um hospedeiro para outro, seja humano ou animal. Os cães, por serem fonte de infecção para o mosquito, podem desenvolver formas graves da doença, com sintomas que incluem emagrecimento, queda de pelos, crescimento e deformação das unhas, entre outros, com uma taxa de letalidade alta.
Ampliação dos Hospedeiros
Além dos cães, outros animais como raposas e gambás também podem ser reservatórios do parasita, aumentando a probabilidade de transmissão para os seres humanos. Existem diversas formas de leishmaniose, sendo as mais comuns a tegumentar ou cutânea, que afeta a pele, e a visceral, que atinge órgãos internos como fígado, baço e medula.
Desafio Brasileiro
O Brasil enfrenta um desafio significativo no controle da leishmaniose, com aproximadamente 90% dos casos na América Latina registrados em território brasileiro. O Maranhão liderou os casos em 2021, com 249 ocorrências, seguido pelo Ceará e Minas Gerais. Por outro lado, estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul apresentaram números baixos, e alguns, como Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Santa Catarina, não registraram casos.
Necessidade de Medidas Preventivas e Terapêuticas
Atualmente, apenas uma vacina para cães está disponível, destacando a necessidade de investimento em pesquisas e desenvolvimento de medidas preventivas e terapêuticas para combater essa doença devastadora que afeta tanto animais quanto seres humanos. A conscientização pública e a cooperação entre autoridades de saúde, veterinários e comunidades locais são fundamentais para enfrentar esse desafio de saúde pública.
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